Pedagoga, psicopedagoga, mestre em Educação
março/2007
Quando falamos sobre dificuldade de aprendizagem, estamos falando, principalmente, do ato de
aprender. Aprender é uma ação que supõe dificuldade; quando não se sabe, sendo o não-saber
condição necessária para aprender, é esperado que as dificuldades apareçam. Temos, portanto,
dificuldades que nos desequilibram e na busca do equilíbrio, aprendemos.
O fato de estarmos mergulhados num mundo de consumo, que apregoa a perfeição, de termos
pressa para tudo, de acreditarmos que as pessoas devem ser regidas pelos prazeres, de acharmos que
tudo que não acontece como esperamos é doença, de termos sempre um remédio para os males
existentes faz com que acreditemos que ter dificuldades para aprender é algo inconcebível.
Queremos chegar a tal grau de perfeição que pensamos que ter dificuldade é ruim, que nos faz
diferentes dos outros, que nos afasta dos normais e que nos faz acreditar que somos menos.
Esquecemos que é a dificuldade que nos faz crescer, que nos obriga a pensar, que nos estimula a
buscar alternativas e a encontrar soluções para os problemas que a vida nos impõe.
Atualmente, temos percebido dois movimentos decorrentes das dificuldades para aprender: um
deles que protege demais o sujeito que vive a dificuldade e outro que o exclui completamente das
rodas consideradas normais. Tanto um quanto outro apresentam resultados muito semelhantes: o
primeiro não acredita que o sujeito possa desenvolver suas possibilidades e, por isso, protege-o para
evitar embates nos quais o sujeito possa se dar conta de que não sabe; o segundo afasta o sujeito por
acreditar que ele não será capaz de acompanhar seus colegas, anunciando que ele não sabe e nem
tem chance de saber.
Protegendo ou atacando, incluindo ou excluindo, temos mandado a mensagem de que o
aprendiz que apresenta dificuldades com a aprendizagem, ou dificuldades para aprender, ou ainda
dificuldades de aprendizagem, tem poucas chances neste mundo do instantâneo, consumista,
individualista, que cultua a perfeição.
Por que será tão difícil admitirmos algo que faz parte do desenvolvimento humano: a dificuldade?
Temos lidado com o ser humano de tal forma que...
continua...
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